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VÍDEO: durante pandemia, uso de bicicletas tem salto em Santa Maria

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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Ciclismo passou a ser o esporte mais praticado em Santa Maria durante a pandemia

Durante a pandemia, Santa Maria também segue uma tendência nacional em relação a mobilidade urbana e prática esportiva: o aumento do uso da bicicleta. O fato é observável no dia a dia das ruas santa-marienses, e confirmado por lojas especializadas e pelo poder público. Conforme dados da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas, a venda de bicicletas em todo o Brasil aumentou 118% entre junho e julho.

Em Santa Maria, a alta procura tem provocado até mesmo desabastecimento de bicicletas e equipamentos. Por aqui, o ciclismo tem tomado o espaço da atividade que tradicionalmente é a preferida dos brasileiros: o futebol. Conforme o ex-superintendente de Esportes, Givago Ribeiro, o ciclismo, que era o segundo esporte mais praticado no município, chegou ao primeiro lugar por conta do coronavírus, já que a prática do futebol praticamente cessou desde o fim do mês de  março.


Um exemplo é o projeto Verona Categorias de Base, sediado no Campo do São Caetano, no Passo das Tropas. Com o incentivo do treinador José Luis Rosa dos Santos, de 47 anos, 12 jovens jovens jogadores de futebol passaram a praticar o ciclismo durante a pandemia:

- Foi uma forma que encontramos de manter a atividade - resume.

O estudante Ruan Oliveira dos Santos, de 14 anos, é um dos que sai, todo sábado, para pedalar com o grupo. Zagueiro, acredita que o condicionamento físico adquirido nos pedais vai ajudar no momento em que voltar a jogar futebol.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)
José Luis (à dir.) e alunos do projeto Verona

- Já pedalava antes, mas só na vila. No começo cansava, mas agora me acostumei - conta o adolescente.

A estimativa, feita com base em grupos de ciclismo e contato com a Associação Santa-mariense de Ciclismo (ASMC), é de que cerca de 5 mil pessoas pratiquem ciclismo como forma de lazer. Entretanto, esse número é muito maior se levado em conta pessoas que usam a magrela também como meio de transporte. É o caso de Fábio Brandão Soares, de 38 anos. Há dois anos, a bicicleta é o principal meio de transporte de Brandão. Todos os dias, faça chuva ou faça sol, é de bicicleta que Brandão vai ao trabalho. Ele sente os benefícios.

- Melhora física, mas também psicológica. Ajuda no trabalho. Faço, diariamente, uma hora de pedal antes de chegar no trabalho, já chego bem ativo, disposto - conta.

Nos fins de semana, o lado esportivo também aflora, com pedaladas de mais de 100 quilômetros. A ideia, conforme Brandão, é treinar para, futuramente, competir.

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Conforme o secretário de Mobilidade Urbana do município, José Orion Ponsi da Silveira, o poder público não tem uma estimativa do número de bicicletas em Santa Maria. Porém, ele confirma o que é possível observar nas ruas da cidade:

- É fato. Houve um aumento bastante grande do uso da bicicleta na área urbana.

O crescimento, conforme Ponsi, está relacionado a pandemia. Para o secretário, é o início de um processo de consolidação do meio de transporte na rotina da cidade, algo que já ocorre em cidades de países desenvolvidos, como é o caso da Europa.

SAÚDE
A médica pneumologista Keli Cristina Mann recomenda a prática do ciclismo mesmo durante a pandemia, por ser uma atividade realizada em ambiente aberto e individualmente. Apesar de não existirem estudos que associem o ciclismo à prevenção ao coronavírus, a atividade física aumenta a imunidade geral do indivíduo. O tratamento de doenças crônicas como hipertensão, diabetes, depressão, asma e obesidade é beneficiado se associado a prática esportiva. A pneumologista não recomenda o uso da máscara durante a prática do ciclismo.

- A máscara diminui o desempenho no exercício, principalmente nos exercícios de alta performance, e o ciclismo, habitualmente, é realizado em percursos de 20 a 30 quilômetros, e devido ao tempo prolongado desta prática, há também um aumento da umidade da máscara, provocando desconforto - explica.

A estudante de medicina veterinária Maria Luiza Tonon, de 23 anos, viu no ciclismo uma forma de se distrair durante o período sem aulas. Ela teve na mãe, a professora Ana Cristina Ximendes de Moura, 52 anos, que pedala há quatro anos, um incentivo. Em pouco mais de dois meses, Maria já pedalou mais de 1 mil quilômetros.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)
Ana e Maria, mãe e filha que pedalam juntas

- Para a saúde mental, foi essencial. Assim como eu, muita gente estava dentro de casa, trancada, sem ter muito o que fazer. Busquei na bicicleta uma forma de me reinventar - relata.

Por ser asmática, Ana faz parte do grupo de risco da Covid-19. O ciclismo, além de todo o apoio emocional, auxilia a fortalecer o sistema respiratório.

- Quando começo a pedalar, não sinto mais nada. É impressionante, fico muito bem - garante.

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É a mesma motivação da ciclista Cleci Pivetta Viero, de 66 anos. Ela entrou no esporte com 63 para sair do sedentarismo, e não parou mais. Hoje, consegue passar dos 100 quilômetro pedalados em um dia. O ciclismo também a ajudou a largar o cigarro

_ Minha vida melhorou em saúde, bem-estar, fiz muitas amizades. A solidão acabou, a angústia _ diz.

ESTRUTURA PÚBLICA
Para Ponsi, a nova realidade das bicicletas vai exigir mudanças culturais e estruturais em Santa Maria.

- O primeiro impacto deste aumento é na questão cultural, de quebrar determinados paradigmas, de sair do olhar especificamente para o veículo automotor - explica Ponsi.

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Foto: Pedro Piegas (Diário)

O secretário reconhece que o município precisa se adequar a nova realidade, com melhorias no espaço urbano para atender a demanda das bicicletas. Não há perspectivas concretas, mas existem estudos de implantação de ciclovias e ciclofaixas em pontos como as avenidas Dores e Medianeira, e uma ligação com o Bairro Camobi pela Faixa Velha. Entre as principais dificuldades para o avanço dos projetos, estão a necessidade de readequação viária e o alto valor a ser investido.

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Em contato com as lojas especializadas da cidade, o secretário estima um aumento de 30% na procura pelas magrelas.

AUMENTO NAS VENDAS
Na FAM Bikes, a procura pelas bicicletas mais do que dobrou durante a pandemia, conforme o proprietário Álvaro Godoy Simon, que trabalha no ramo há 20 anos. Para ele, o crescimento do interesse se dá por fatores como o aumento de tempo disponível das pessoas, e a diminuição de opções de lazer por conta do coronavírus. Sem eventos ou esportes que geram aglomerações, a prática do ciclismo se torna uma boa opção de lazer e manutenção da saúde física e mental. O aumento da demanda, associado a diminuição da produção e do transporte, principalmente em artigos importados, faz as lojas enfrentarem problemas na reposição e fornecimento de novas bicicletas.

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A alta do dólar em relação ao real (cerca de R$ 5,60) também encareceu o produto, tanto o importado, quanto o nacional (já que é preciso de matéria-prima de fora do país). Conforme o gerente da Ciclomar Bike Shop, Thiago Wanger, o aumento do preço pode chegar a até 30% em relação ao anterior a pandemia. Na contramão, a procura subiu de 30 a 40%.

*colaborou Felipe Backes

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